Mãos suadas, coração a bater tão depressa que parece que vai sair pela boca, respiração a falhar e borboletas na barriga… sintomas inconfundíveis desencadeados pelo amor.
Mas afinal porque é que tudo isto acontece?!
O “Amor” é um complexo fenómeno neurobiológico, baseado em atividades cerebrais que desencadeiam o desejo, a confiança, o prazer, a felicidade e a recompensa, e envolvem a acção de mensageiros químicos.
Ou seja, todos os sintomas despoletados pelo amor têm uma explicação científica, pois são causados por um fluxo de substâncias químicas produzidas no corpo da pessoa apaixonada.
O sistema nervoso produz ou estimula o corpo a produzir diferentes substâncias, os neurotransmissores e hormonas, responsáveis pelas sensações vividas pelos enamorados.
É com base na presença dos compostos químicos que atuam no nosso cérebro que conseguimos perceber a existência de três fases no amor – desejo, paixão e ligação.
DESEJO
Nesta etapa inicial, o sentimento que prevalece é o desejo sexual, despertado pela circulação da testosterona nos homens e de testosterona e estrogénio nas mulheres – estas são as hormonas responsáveis por tornar o nosso cérebro interessado em parceiros sexuais.
PAIXÃO
A segunda fase é a da paixão, caracterizada pela respiração e o coração acelerados, mãos trémulas e suadas, falta de apetite e um frio na barriga. Dormimos mal e só pensamos na pessoa amada, é difícil pensar com clareza e surgem as borboletas no estômago.
Todos estes acontecimentos são da responsabilidade de neurotransmissores que atuam no cérebro:
· Dopamina – produz motivação e satisfação, faz-nos sentir felizes (e um pouco tolos) só com um sorriso ou um olhar.
· Noradrenalina – produz energia em excesso e acelera o bater do coração.
· Serotonina – produz alegria, sendo conhecida como a hormona da felicidade e do prazer.
Os sentimentos fortes e incontroláveis que sentimos nesta fase, fazem com, que a pessoa também se sinta insegura, uma vez que sente que a sua felicidade depende da outra pessoa.
O corpo entende isto como se estivesse em perigo, e liberta adrenalina.
Mas como sistema inteligente que é, o corpo sabe que não pode estar constantemente numa situação de perigo, e transforma as sensações, evoluindo para a terceira fase do amor.
No entanto, é sempre possível voltar a ter sensações da primeira fase ou segunda, com a mesma pessoa.
LIGAÇÃO
Nesta fase surgem os laços para que os parceiros permaneçam juntos – ou seja, o amor evolui para o amor maduro, que se caracteriza pelo sentimento de companheirismo.
Tudo é mais calmo, existe paz e tranquilidade.
A passagem para esta etapa é garantida pela presença de duas hormonas que se libertam durante o ato sexual:
· Oxitocina – hormona do carinho, produzida no hipotálamo; actua estabelecendo a relação no cérebro entre um determinado indivíduo e as sensações agradáveis que este provoca. Surge a segurança, ternura e o sentimento de ligação com o parceiro.
· Vasopressina – indispensável para garantir a fidelidade dos parceiros sexuais.
Estaríamos agora em condições de manter uma ligação eterna e fiel com o ser amado, mas nem sempre isso acontece… O que explica o “desamor”?
Deixo este assunto para um próximo artigo.
Artigo escrito pela Dra. Ana Moreira
Este artigo não foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico.