Desintoxicação global

Qualquer agente físico, químico ou microbiológico, etc., que modifique ou altere um sistema biológico em equilíbrio, é considerado uma toxina. Vivemos num mundo rodeado de toxinas… É por isso importante os profissionais de estética conhecerem esta realidade e saberem como as toxinas afectam o corpo humano e aconselhar as melhores formas de desintoxicação aos seus clientes.

Todos os anos o mercado recebe 2 000 compostos novos; mais de metade dos quais não são testados no organismo humano! As toxinas podem entrar no corpo pelo meio ambiente (as chamadas toxinas exógenas ou xenobióticos): através do tracto gastrointestinal, por ingestão; através do sistema respiratório, por inalação, ou pela pele (através da absorção passiva ou por injecção).

As toxinas podem ser originadas dentro do próprio corpo (toxinas endógenas), como produtos do metabolismo fisiológico (bilirrubina, creatinina, ácido láctico, etc.), ou como metabolitos, através de condições metabólicas anormais (excesso de produção – degradação de neuro-transmissores e/ou hormonas, excesso de formação de radicais livres, etc.).

As toxinas são omnipresentes no ambiente e podem acumular-se durante anos, nas águas subterrâneas, ou cobrir longas distâncias, devido aos fenómenos climáticos. Além disso, apresentamos um estilo de vida muito rápido, com nutrição inadequada e comida “tóxica”, e stress psicológico, com sobrecarga emocional. Daqui se conclui que, todos nós, crianças ou adultos, animais ou árvores, estamos intoxicados. Em diferentes graus e com diferentes toxinas, mas todos estamos intoxicados. Para além disso muitas toxinas ocorrem no chamado intervalo NOAL (nível de efeito lateral não observado), não causando efeito imediato. Mas, contudo, causam problemas a longo prazo, exemplo carcinogénese, mesmo se presentes em concentrações ínfimas.

Deste modo, depois de percebermos que estamos com menor ou maior grau de intoxicação, como nos poderemos desintoxicar? Aprendendo a nos desintoxicar e a ajudar o cliente a desintoxicar-se descobriremos os segredos da saúde e beleza plena.

Manifestações clínicas
As manifestações clínicas dos efeitos biológicos das toxinas dependem das propriedades físicas e químicas da própria toxina, mas também da duração e do trajecto da exposição, do seu mecanismo de acção e, obviamente, da susceptibilidade individual de cada um.

As toxinas ambientais espalham-se através da água subterrânea, da chuva de superfície e dos ventos. Isto é uma situação na qual normalmente, preferimos não pensar! Mas estamos completamente contaminados, onde quer que vivamos…
A bioacumulação destes compostos causa doença nos humanos e nos seres vivos. Nestes, o sistema imunitário, o sistema endócrino e o sistema neurológico são comummente afectados (CRINNION, 2005).

Os efeitos das toxinas são documentados numa série de doenças, variando desde asma, alergias, doenças auto-imunes, neoplasias, défices cognitivos e obesidade.
Novos diagnósticos também incluem a síndroma do edifício doente e a sensibilidade química múltipla.

Síndroma do edifício doente
É a combinação de indisposições associadas com um local de trabalho do indivíduo (letargia ou cansaço; dores de cabeça, tonturas, vómitos; irritação das mucosas; sensibilidade a odores) embora haja descrições da síndroma de edifício doente em casas residenciais.

Sensibilidade química múltipla
É uma condição ainda mais difícil de tratar e é reconhecida em alguns indivíduos que desenvolvem sensibilidade química a químicos ambientais.

Factores da toxicidade
A toxicidade, ou melhor, o efeito da toxina no organismo em relação à dose depende de vários factores:

1º – A forma galénica da toxina
Por exemplo, o mercúrio orgânico é muito mais tóxico na forma gasosa do que na forma líquida.

2º – Quando uma toxina é misturada com outras toxinas
A toxicidade pode aumentar, dado que as toxinas se potencializam umas às outras. Por exemplo, duas toxinas ambientais podem estar presentes numa concentração sub-tóxica, mas juntas com outra toxina podem tornar-se severamente tóxicas.

3º – O tempo no qual foi ingerido
Ou seja, intoxicação crónica, aguda, ou sub-aguda. A ingestão de 10 litros de água de uma só vez, pode causar hiponatrémia e morte, por exemplo.
Frequentemente, a intoxicação em doses minúsculas ao longo do tempo tem um efeito diferente no organismo, por exemplo, pode causar uma neoplasia, ou afectar o sistema imunitário; enquanto que uma intoxicação aguda vai ter um efeito totalmente diferente.

4º – O paciente
A capacidade do paciente para se regular, tendo em conta a intoxicação:
– o sexo do paciente;
– o peso corporal;
– uma possível tolerância à substância, especialmente se for dado em doses pequenas, oralmente ao longo do tempo.

Toxinas exógenas
Dada a larga quantidade de toxinas é difícil classificá-las quimicamente, quer pela função ou pelo modo da acção, dado que muitas iriam cair em mais do que uma categoria. As toxinas podem entrar no corpo pelo ar, água, poluição dos solos (em termos de acumulação em fontes alimentares). Outras, entram no organismo humano através do uso consciente, drogas de abuso, medicamentos terapêuticos, cosméticos, aditivos alimentares e contaminantes. Estas toxinas podem ser classificadas como toxinas antropogénicas, dado que estão conectadas com as acções do Homem, por exemplo em processos industriais.

Toxinas exógenas (ambientes externos)
No grupo das toxinas exógenas, temos 3 tipos de toxinas:
– Físicas
Clima, campos electromagnéticos, radioactividade, barulho/poluição sonora, metais pesados, geopatias e frequências vibracionais.
– Químicas
Tabaco, poluição ambiental, componentes do dia-a-dia: insecticidas, herbicidas, pesticidas, produtos de limpeza, medicamentos, cosméticos corporais e de rosto, etc.
– Biológicas
Bactérias, fungos, vírus, aditivos e corantes alimentares, alergéneos diversos.
Classificação da entrada das toxinas no organismo:
1- Ingestão de comida, água ou drogas;
A comida pode sofrer uma contaminação química, por micróbios, micotoxinas ou por aditivos alimentares. A contaminação química da comida pode acontecer por metais pesados, como o arsénio, chumbo, cádmio ou mercúrio; por Hidrocarbonetos policiclicos aromáticos, por químicos industriais, como o PCB, clorofórmio ou tricloroetileno; hormonas e medicamentos em animais do ciclo alimentar do Homem; fertilizantes e pesticidas.
A água pode ser contaminada por químicos (solventes, fosfatos, nitratos, herbicidas, pesticidas, fertilizantes, lixos industriais, etc.); sub-produtos de micróbios (bactérias, vírus, Parasitas, algas e as suas toxinas, etc), metais pesados, e outros.
2- Por inalação “outdoor” e “indoor”;
A inalação ambiental pode ser exterior (“outodoor”) ou interior (“indoor”).
Na inalação ambiental exterior, temos fontes de poluentes “naturais”, como vulcões (cinzas), gás natural, amónia, a partir da decomposição biológica, fumos (dos fogos) e pólens (das plantas), e poluentes do ar causados pelo Homem, como por exemplo, depósitos de lixo químico, depósitos de lixo comum, combustão de gasóleo, transportes, industria, pulverizações de terrenos, etc…
Na inalação ambiental de toxinas exógenas “indoor”, há poluentes aéreos dentro de casa, que vêm do exterior, de materiais do próprio edifício ou de actividades humanas. Podem ser químicas e minerais (amianto, formaldeído, gás radon, óxido de nitrogénio e dióxido de carbono), da mobília e renovações (madeira, contraplacado, colas, pinturas, tintas, etc.), de produtos domésticos (produtos de higiene diária, lavagem de roupa e amaciadores, limpeza doméstica e pesticidas), de bactérias, fungos, e epitélio de animais domésticos e de actividades humanas (fumo de tabaco, fumo de lareiras…).
Não nos podemos esquecer que os modernos equipamentos de ar condicionado, juntamente com um melhor isolamento de janelas e portas, diminuem bruscamente a ventilação natural das casas; diminui-se muito as trocas de ar, que estão limitadas aos (poucos) arejamentos que as pessoas fazem; neste caso, as toxinas vão-se acumulando dentro de casa…
3- Por via dérmica
Activa, por injecção, ou passiva, por aplicação de cremes, por exemplo.

Toxinas endógenas
Estes são produtos dos processos regulatórios normais do organismo, que se acumulam, quer por um excesso de produção, ou pelo facto de que não são adequadamente metabolizados ou excretados. Substâncias como a adrenalina e a histamina. É importante saber que estas substâncias também são metabolizadas pelos mesmos processos que metabolizam as toxinas externas. Quando estes sistemas enzimáticos estão sobrecarregados pelas toxinas externas, podem levar à acumulação destas toxinas internas.
Há ainda, outra classe de toxinas, não mensurável fisicamente; são as toxinas emocionais/psíquicas. Estas entram dentro do campo da Psiconeuroimunoendocrinologia, área recente da ciência, mas em franca expansão. Basicamente, significa que, também os nossos pensamentos, nos podem pôr mais ou menos saudáveis.

Algumas classes de toxinas:

1. Poluentes
Gasosos: gases à temperatura normal e pressão. Dióxido de carbono, hidrocarbonetos, sulfito de hidrogénio, óxido de nitrogénio, ozono e outros oxidantes, óxido de enxofre.
Poluentes em partículas: pó, fumo, aerossóis, neblina, válvulas de escape. Efeitos lesivos para o pulmão e para a mucosa respiratória, o que contribui para alergias, asma e neoplasias.

2. Metais
Os metais ocorrem naturalmente, mas acumulam-se devido aos seus usos noutras actividades da civilização moderna. Estes incluem arsénico, mercúrio, chumbo, cádmio e crómio.

3. Químicos agrícolas
“Pesticidas”, incluindo preservantes de madeira.

4. PBBE. Ftalatos, fenóis, bisfenol
São aditivos que amaciam os materiais aos quais são incorporados. Por exemplo, os que dão ao plástico duro como PBC, a sua flexibilidade.
5. Medicamentos e drogas de abuso
Este é um grande grupo de químicos que, à parte dos efeitos colaterais conhecidos, disrompem os processos auto-regulatórios do organismo e causam desregulação e outras doenças. A maioria, que só trata uma condição médica, poderá pôr o doente em risco para outras. Mas, este é um tema extenso, e diz respeito aos efeitos colaterais dos medicamentos.

6. Aditivos alimentares e conservantes
Os aditivos alimentares são adicionados aos alimentos como conservantes (assim como: ácido metil P benzoico, propionatos..) mas também, para mudar as suas características físicas, assim como a cor (tartrazina), o cheiro e o sabor (sacarina, aspartamo, nitratos), etc. Centenas ou, possivelmente, milhares de aditivos alimentares estão em uso mundialmente, e a maioria sem testes adequados. Alguns foram introduzidos quando os testes de toxicidade ainda não eram sofisticados e, por isso, sequentemente mostraram ser não tóxicos. A questão das interacções sinergéticas entre todos ainda não foi observada adequadamente. A maioria são carcinogérnicos ou mutagénicos.

Fisiologia da desintoxicação
O organismo tem mecanismos de defesa, que previnem a absorção e a distribuição da toxina, se já ocorreu intoxicação. Dentro do organismo, os sistemas de defesa serão mobilizados, para tentarem eliminar a mesma.
Para as toxinas conseguirem ter efeitos negativos no corpo, têm de atingir o órgão alvo ou a célula. São para isso necessárias 6 etapas:
Absorção
Transporte
Metabolismo
Distribuição
Armazenamento
Eliminação.
As vias de eliminação das toxinas são os órgãos emunctórios: pele, membranas mucosas, fígado, rins, e, em menor grau, saliva, suor, leite, cabelo e secreções dos órgãos genitais.
Quando existe um acumular de toxinas em qualquer área do corpo, as reacções químicas tornam-se lentas e de fraca qualidade, a reacção de defesa imunitária diminui e a capacidade de autodesintoxicação reduz-se ou fica a zero.

Sintomas
Os sintomas do acumular de toxinas vão desde sintomas inespecíficos como: fadiga, perda de memória e concentração, dores generalizadas não especificas, até letalgia aguda, teratogenicidade, genotoxicidade, mutagenicidade, ou carcinogenicidade.
Pode haver o surgimento ou evolução de uma doença pela via crónico-degenerativa, alérgica ou psíquica. De uma forma geral, as toxinas provocam alterações na respiração celular e mitocondrial, inibição ou activação enzimática, mimetizam hormonas endógenas, provocam alterações nas reacções antioxidantes e alterações do sistema imunitário.

Desintoxicação médica
Até há aproximadamente 100 anos, eram usados comummente pelos médicos, métodos de drenagem e desintoxicação, hoje impensáveis, tais como, métodos eméticos, sangrias, sanguessugas, ventosas, medidas purgantes, emplastros, etc. Segundo as guidelines de “Detoxification and drainage”, da HEEL, de 2008, são 4 os objectivos de uma desintoxicação médica, mais conhecidos como os 4”S”: Stop – Significa parar com as entradas externas de toxinas | Support – Dar suporte aos órgãos de desintoxicação e drenagem) | Stimulate – Eliminação de toxinas | Sensitize – Sensibilizar o doente para desintoxicações futuras.

Medidas desintoxicantes
Em primeiro lugar, deve-se avaliar o nosso paciente/cliente, relativamente ao seu grau de intoxicação, para se poder escolher o tipo de tratamento de desintoxicação.

Existem quatro medidas desintoxicantes:

Gerais
Deve-se parar o contacto externo com as toxinas; deste modo, deve-se ter cuidado em escolher os produtos domésticos de limpeza/ higiene diária/ cosméticos corporais e de rosto. Devemos ser prudentes no uso de repelentes de insectos, baratas, formigas, etc, dando preferência a métodos mais naturais na exterminação destes bichos; devemos, se possível, usar um protector de radiação electromagnética e ter prudência no uso de telemóveis, carregadores, transformadores e computadores portáteis.
Verificarmos se os materiais dentários que temos, são compatíveis com o nosso organismo, e eventualmente proceder à sua troca.
Também, como prevenção de toxinas emocionais, devemos ter um pensamento positivo em relação à vida; pensar, sentir e actuar do mesmo modo, e, se necessário, usar técnicas de relaxamento.

Dietéticas
Devemos aconselhar os nossos clientes e nós próprios, a comprar alimentos de agricultura biológica, a lavar bem as frutas e os vegetais (evitando usar produtos químicos para esta acção), não comer “junk-food”, beber líquidos em quantidade suficiente e fora das refeições e termos moderação com as bebidas alcoólicas.
As frutas e os legumes são os alimentos por excelência para a desintoxicação, pois são dotados de extraordinárias propriedades despoluidoras, ou seja, depurativas. A sua riqueza em fibras assegura uma verdadeira “limpeza” no tubo digestivo, levando, juntamente com as fezes, uma grande quantidade de toxinas e resíduos.
Graças a seu elevado teor de vitaminas, sais minerais, oligoelementos, enzimas e substâncias biologicamente activas de todo tipo, os vegetais fornecem aos órgãos de eliminação os elementos de que necessitam para funcionar perfeitamente.

Jejum terapêutico
Para quem esteja interessado em fazer uma desintoxicação mais profunda e séria, existe o “jejum terapêutico”. Este deve ser acompanhado por um médico experiente nesta área, dado que deve ser feito com muito cuidado
– Recomenda-se comer devagar e mastigar muito bem todos os alimentos, procurando que se molhem de saliva de maneira abundante. Não se deve colocar sal na comida; uma pequeníssima quantidade de sal marinho pode ajudar a dar um sabor de fundo, mas nunca se deve salgar os alimentos.
– Deve limpar-se o conteúdo dos intestinos, aliviando a congestão dos mesmos; continuar-se-á até que a dieta permita aos intestinos evacuar por si próprios; pode fazer-se em dias alternados, nos casos em que voluntariamente o organismo evacue.
– Só se deve comer aquilo que for prescrito e permitido (o que, durante um período estimado de tempo, será nada, ou seja, só líquidos).
– Deve beber líquidos em quantidade suficiente.
Quando terminam os dias que se lhe correspondem do jejum terapêutico, inicia-se uma dieta de transição, que prepara a pessoa para um trabalho de reeducação alimentar, muito importante para conseguir um estado de saúde pleno. Nunca é demais relembrar que uma vida saudável só se conseguirá com a nutrição correcta e adequada.

Físicas
Recomenda-se os enemas de limpeza intestinal, a hidrocolonoterapia (num espaço com profissionais habilitados) e a drenagem linfática manual. Daí ser tão importante a colaboração entre médicos e os profissionais de estética.

Medicamentos
Como medicamentos, podemos escolher entre medicamentos fitoterápicos, homeopáticos, de medicina ortomolecular, enzimas ou medicamentos de Homotoxicologia.

Desintoxicação estética
Nos seus gabinetes, os profissionais de estética têm ao seu alcance alguns meios para ajudar no processo de desintoxicação dos clientes. Por isso podem implementar alguns cuidados estéticos desintoxicantes nos seus menus. Este cuidados podem ser aplicados unicamente com o propósito de desintoxicar, mas também para ajudar a obter melhores resultados em sinergia com outros protocolos específicos de emagrecimentos, anticelulite, entre outros.
As técnicas de desintoxicação são instrumentos valiosos para ajudar na obtenção de resultados a nível da estética, nomeadamente na tonificação e compactação da pele e dos tecidos flácidos; no combate à celulite; na
redução de medidas corporais; na modelagem do corpo.

Drenagem Linfática Manual
Uma drenagem linfática manual, bem executada, é um dos melhores cuidados desintoxicantes que existem, bem como um dos melhores cuidados antienvelhecimento! Isto porque, ao ajudarmos o organismo a drenar, estamos a ajudar a resolver intoxicações presentes, e a prevenir futuras intoxicações. É assim muito importante sensibilizar as pessoas para a manutenção destas terapias.

Cuidados faciais e corporais com argila
Os benefícios da argila podem ser intensificados pela mistura de óleos essenciais. A associação da argila a óleos essenciais, no rosto e no corpo, promove a desintoxicação. Quando aplicada na superfície cutânea, A argila estabelece um sistema de troca, onde retira as impurezas da pele, deixando, em troca, elementos naturais indispensáveis ao metabolismo orgânico. No corpo age como depurativo e desintoxicante.

Nutrição e suplementação
Existem alguns medicamentos de venda livre, com recomendação que pode ser dada em gabinetes de estética e que ajudam na desintoxicação. A esteticista pode orientar o cliente par ama alimentação mais saudável, com algumas dicas e ainda orientá-lo para procurar um nutricionista que ajude nesta etapa.

Manifestações da desintoxicação
O organismo iniciará um processo de limpeza e evacuação de toxinas que se pode manifestar de diversas maneiras:
– Eliminação pela pele: suor que mancha, transpiração mal cheirosa.
– Eliminação pelos pulmões: mau hálito.
– Eliminação pela vagina: fluxo vaginal.
– Eliminação intestinal: fezes mal cheirosas e abundantes.
– Eliminação psico-tóxica: sonhos ou pensamentos negativos, tristeza.
Todas estas manifestações são normais e correspondem à evacuação de toxinas do organismo; acabarão ao terminar a desintoxicação.

Quando se termina uma desintoxicação a pessoa sente-se mais leve fisicamente, mas, principalmente, mais leve em termos mentais. O organismo fica mais ágil mentalmente e com maior capacidade de concentração e raciocínio.
Não se sentirá tanta necessidade de “maus hábitos”, como o tabaco, comidas picantes ou doces, ou excesso de bebidas alcoólicas. Todos estes hábitos externos, são formas de compensação do organismo, porque não está equilibrado internamente.
Experimente primeiro em si, e aperceba-se de pequenas mudanças (o botão das calças que aperta melhor, a celulite que melhorou de aspecto, a pele que está mais firme)…, e depois aconselhe aos seus clientes.

Detectar toxinas
A medicina dos nossos dias é muito eficaz no diagnóstico e no tratamento de intoxicações agudas, como por exemplo, emergências médicas por intoxicações agudas por metais pesados, envenenamento por medicamentos ou drogas, etc., pela evidência laboratorial da intoxicação.
Infelizmente, para o doente as intoxicações crónicas, sub-clínicas ou estados subtis não são, na maior parte das vezes, diagnosticados.
Os efeitos biológicos de estados de intoxicação crónicos subtis são muito importantes dentro da Medicina Integrada. Paracelso, médico do século XVI, é vulgarmente parafraseado com a seguinte frase “ a dose faz o veneno”.
Frequentemente, se a dose não é suficientemente alta para produzir efeitos agudos imediatos e/ou não poder ser detectada com as limitações tecnológicas do presente, então, a toxina não é vista como responsável. A questão é descartada como não sendo responsável pelos efeitos biológicos e influências na saúde daquele indivíduo.
Outra consideração muito importante a ter em mente é a tolerabilidade ou a susceptibilidade individual a toxinas específicas. A tolerabilidade dos sistemas biológicos a uma toxina em parte é geneticamente determinada e, por outra parte, adquirido com base na indução enzimática e/ou inibições, o grau de funcionalidade do órgão alvo, e a capacidade funcional de reserva de órgãos e de sistemas específicos.

Efeitos das toxinas a longo prazo
Para comparar a toxicidade das toxinas umas com as outras, são feitos testes, segundo controlos laboratoriais estritos, especialmente em animais. Obviamente que este não é o tema central desta exposição; resumidamente, LD 50, é uma sigla que determina em que dose, dependendo do peso corporal, metade da população do teste vai morrer. LD então quer dizer dose letal.
Recentemente, uma publicação da revista “Science” descreveu um facto ainda mais assustador, tendo em conta o efeito das toxinas ambientais. Diz respeito à área da epigenética, onde material genético é alterado pelas toxinas numa geração e a lesão é transferida à geração seguinte, aonde os efeitos das toxinas serão vistos pela primeira vez (Skinner et al, 2005). Ou seja, nós estamos em contacto com a(s) toxinas, mas não temos sintomas, mas, serão os nossos filhos, ou netos, a apresentar doença relacionada com aquela toxina.
Os efeitos na reprodução relacionam-se com os padrões de metilação do DNA alterados na linha germinativa. A capacidade de um factor ambiental, por exemplo, um disrutor endócrino, para reprogramar a linha germinativa e para promover uma doença trans-geracional, tem implicações significativas para a biologia evolutiva e etiologia das doenças.

As toxinas podem ter vários efeitos num ambiente – hospedeiro, nomeadamente:
– Letalidade aguda
– Efeitos sub-letais em plantas
– Efeitos sub-letais nos mamíferos
– Efeitos sub-letais em espécies não mamíferos.
– Teratogenicidade
– Genotoxicidade
– Nutagenicidade
– Carcinogénesse

Só vamos considerar o efeito em mamíferos, especialmente no homem. Aqui, o efeito das toxinas pode ser determinado por vários factores, nomeadamente, o tipo de substância, a sua concentração, a taxa de intoxicação e o próprio hospedeiro.
As toxinas podem causar disfunção temporária no corpo, levar a lesão permanente no caso de intoxicação crónica, ou até à morte no caso de intoxicação aguda. Na realidade, todas as toxinas podem ser lesivas para o organismo, na dose correcta. Novamente, nas palavras de Paracelso “só a dose é que faz o veneno”.

Texto: Ana Moreira, Médica. Pós graduada em Medicina Antienvelhecimento pela Universidade Autónoma de Barcelona; Mestrado em Medicina Biológica e Antienvelhecimento pela Universidade de Alcalá, Madrid.