O enema do café

É necessário contextualizar historicamente o uso dos enemas de café.

Os enemas são um procedimento médico milenar, praticados na Índia há mais de 200 anos A.C. Também Hipócrates, o pai da medicina moderna, prescrevia enemas para imensas situações de saúde.

Jerry Walters (médico clínico geral e familiar) afirma que o uso de soluções de água e café preparadas especialmente para lavagens intestinais já se iniciou na Primeira Guerra Mundial, para melhorar o estado de saúde dos soldados doentes.

Na década de 1920, Meyer e Martin Heubner (médicos alemães da Universidade de Goettingen) estudaram o efeito da cafeína em ratos, quando administrada por via rectal, e concluíram que os enemas de café estimulavam os ductos biliares dos animais.

Esta terapêutica só se tornou popular durante a década de 1950, quando Max Gerson a incorporou num programa de desintoxicação utilizando enemas de café para tratamentos de pacientes com cancro.

Este médico provou com as suas pesquisas que os enemas de café desintoxicam e restauram o fígado. A retenção (durante 15 minutos) do enema de café no intestino estimula os sistemas enzimáticos do fígado e dilata as vias biliares, aumentando assim o fluxo de bílis. Isto aumenta a facilidade do organismo para excretar os produtos tóxicos que estão armazenados no fígado. O enema de café também faz uma espécie de diálise das toxinas presentes no sangue através da parede do cólon. Este método, simples e eficaz, permite realizar uma lavagem do material fecal e dos tóxicos aderidos á parede do intestino grosso, acumulados por vezes durante muito tempo, que contribuem para a toxicidade do organismo.

Quando integramos plantas medicinais neste enema, potenciamos o efeito desta terapia, ao produzir efeitos moduladores da inflamação e reguladores do sistema de defesa, atuando diretamente sobre a parede do cólon e órgãos associados e dum modo mais geral, sobre todo o organismo, pelo efeito desintoxicante.

Este método é um complemento fundamental à desintoxicação do organismo, para ajudar aos resultados clínicos que pretendemos atingir, potenciando o benefício de todos os tratamentos médicos que realiza, diminuindo os sintomas de mal-estar e acelerando os resultados clínicos esperados.

O que precisa de ter:

  • Café (orgânico, de moagem e torra média);
  • Água da torneira (ou se puder: água purificada por osmose inversa ou água destilada);
  • Pêra intra-retal/ irrigador rectal de silicone – se fizer o procedimento 1 ou Recipiente de clister – se fizer procedimento com mais água;

 

Procedimento 1:
[Faça o enema fora do período de digestão]

1- Fazer uma infusão com 170ml de água. Quando a água começar a ferver, juntar 1 colher de café biológico e deixar ferver durante mais 10 minutos, tapado.

2- Deixar arrefecer e filtrar, através de um coador de trama fina. Deixar arrefecer até cerca de 37ºgraus. Depois, com o pêra intra-rectal de silicone aspira o líquido para dentro, carregando na pêra (faz vácuo e aspira o líquido fervido).

3- Introduzir a ponta da cânula a 2 cm, dentro do reto (unte a cânula com um pouco de óleo de coco, óleo de amêndoas doces ou azeite) para facilitar a introdução.

4- Coloque-se, de preferência, deitado sobre o seu lado esquerdo.

5- Evacuar só depois de 15 minutos.

6- Nas primeiras vezes, nota que o líquido fica retido no intestino grosso. Á medida que for ficando mais desintoxicado no intestino grosso, sai o líquido introduzido.

Procedimento 2:
[Faça o enema fora do período de digestão]

1- Fazer uma infusão com 2 Litros de água e 6 a 8 flores de calêndula e/ou um punhado de camomila. Quando a água começar a ferver, adicione 3 colheres de sopa de café em pó biológico orgânico, de moagem e torra média e 1 colher de sopa de sal marinho integral. Depois, deixe ferver mais 10 a 15 minutos com o recipiente tapado, em lume brando. (Nota: se sofre de cólicas abdominais junte 2 sementes de anis-estrelado e 3 paus de canela). Depois de fervido, o líquido reduz substancialmente, como é natural.

2- Coe a mistura com um coador de trama fina e deixe arrefecer até ficar morna (cerca de 37º). Depois transfira para a bolsa de enema.

3- Suspenda a bolsa de enema num local elevado da casa de banho (puxador da porta, por exemplo) e deixe sair um pouco de líquido da cânula, de forma a eliminar o ar do tubo, antes de introduzir a cânula no reto. Pode deitar-se na banheira, com o “rabo para o ar” e boca para baixo. Insira a ponta da cânula entre 2,5 a 5 cm dentro do reto (unte a cânula com um pouco de óleo de coco, óleo de amêndoas doces ou azeite) para facilitar a introdução no reto.

4- Deite-se para o lado esquerdo, em posição fetal ou deitado sobre os joelhos (“de rabo para o ar”) e deixe passar muito lentamente a mistura, de modo a que a pressão do líquido não aumente demasiado. Se necessário, suspenda o fluxo de líquido uns minutos e retome depois o procedimento. Procure ir “respirando pelo abdómen”. É provável que tenha vontade de defecar nalgum instante durante o procedimento. Se acontecer, deverá interromper o fluxo e apertar o ânus, enquanto aprende a tolerar e a reter os enemas. Se sentir uma “bola” ao massajar a barriga, podem ser fezes ou gases acumulados, por isso, procure ir massajando e respirando pela barriga. Esta fase do procedimento durará menos de 10 minutos.

5- Ao terminar de passar o líquido do enema, retire a cânula do ânus, mantenha-se deitado à esquerda durante 8 minutos e massaje suavemente o abdómen com as mãos. Depois sente-se na sanita e elimine o líquido introduzido no enema, junto com fezes. É provável que vá várias vezes evacuar.

Nota: no 1º dia do enema só aplicará metade do enema standard, ou seja, apenas 1 L, enquanto o seu intestino se habitua.

A partir do 2º dia, usará os 2 Litros, uma vez por dia, durante 10 dias, em casos graves. Ou duas a três vezes por semana na maioria das situações. Durante 2 a 4 meses, conforme indicação médica.

O efeito é potenciado se realizar este procedimento entre as 5 a as 7h da manhã, ou seja, em jejum de preferência, mas pode ser realizado a qualquer hora do dia de acordo com a sua disponibilidade, fora do período das refeições.

Se realizar o enema á noite, depois de ter ido evacuar uma ou várias vezes, mesmo ao deitar-se para dormir, introduza 4 colheres sopa de azeite girassol de 1ª pressão a frio, ligeiramente aquecido a 37ºC – o corpo não vai expulsar o azeite – de manhã, o corpo expulsa o azeite pelas fezes.

Sugestão: Após cada enema, beba um sumo de maça, aipo e/ou cenoura (biológicos, de preferência).

Pacientes pediátricos:

  • 1 a 3 anos: 250 a 400 ml
  • 4 a 8 anos: 500 a 1000 ml
  • 9 a 12 anos: 750 a 1500ml
  • Maiores de 12 anos: usar o esquema do adulto

Contraindicações absolutas (não faça enema nestes casos):

  • Diverticulite aguda
  • Hemorragia gastrointestinal
  • Síndrome obstrutivo do cólon
  • Apendicite aguda
  • Hemorroides sangrantes
  • Cirurgias recentes do cólon
  • Apendicectomia recente
  • Gravidez

Contraindicações relativas:

  • Antecedentes de cirurgia abdominal (com síndrome de obstrução ou pseudo-obstrução do cólon)
  • Bridas intra-abdominais sintomáticas
  • Diverticulose
  • Diarreia ativa
  • Hemorroides

Outros métodos (efeito anti-inflamatório da mucosa intestinal):

  • Enema de infusão de camomila com bicarbonato de sódio
  • Enema de infusão de lavanda
  • Enema de infusão de menta
  • Enema de infusão de tília
  • Enema de erva-doce ou funcho

Este artigo não pretende substituir uma consulta médica!

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